Rubens Lima

Um poeta que é apaixonado pelo que é e pelo que faz.

Textos


          CAPITAL DA ESPERANÇA

 

 

 

 


Moro em uma cidade,
Em que todos entram em parafuso.
Com os limites de velocidade,
Onde alguns eleitos pra legislar,
Legislam em causa própria pra se locupletar.

Sob a guarda da milícia em vias e cruzamentos,
Vêem-se carroças de papéis puxadas por jumentos.
Misturando-se aos carros oficiais e importados,
Moradores das satélites se esquivam apavorados.

Nas faixas de pedestres os carros têm que parar,
Os emergentes comem sardinha e arrotam caviar.
Minha loja favorita não é mais a BI-BA-BÔ,
E nos fins de semana não sei pra onde vou.

Pra mim, o Pão de Açúcar é o 'Jumbo' do Conjunto Nacional,
Os 'Catarinas' não são mais a elite da Guarda-Presidencial.
A Rodoferroviária sempre foi de assustar,
Os menos favorecidos que por lá tinham que chegar .

Os clubes geralmente ficam cheios nos domingos,
Mas por vezes, pinta um convite pra chácara de amigos.
Lá, o rango é sempre churrasco só pra variar,
Volto cedo, pois segunda tenho que trabalhar.

Nas quadras 100 e 300, têm-se bons apartamentos,
Contrastando com as escadas dos Aps das 400.
As casas das 700, são boas moradas,
Com as garagens dos carros nas vias e calçadas.

No término das chuvas a secura é de lascar,
Quando chove em quadra ímpar.
Vêem-se o sol na quadra par,
As asas da aeronave ligam-se ao Eixo Monumental,
Vemos lábios besuntados com filtro solar.

É comum o cerrado no verão se inflamar,
O ar fica rarefeito e dificulta o respirar.
O metrô que foi construído para todos utilizar,
Só atende à Ceilandia, Taguatinga, Águas Claras e Guará.

Também tem seu piscinão que é da água mineral,
Arborizado pela flora do parque nacional.
Com seu design moderno de uma aeronave,
O doméstico pardal não se conhece como ave.

A Ponte mais linda do mundo é a nossa realidade,
Sua arquitetura futurista cristaliza a modernidade.
Suas noites são belas e agitados são os seus dias.
Pra mim, o Parque da Cidade ainda é Píthon Farias!

É possível a liberdade de suçuaranas e lobos guará,
Nas vias e residências querendo participar.
Apavorando os surfistas que uma onda quer tirar,
Jacaré nada de costa, no Lago Paranoá.

Sua Câmara Legislativa inventada pra legislar,
É escudo que protege quem a polícia quer pegar.
Arena dos partidos, partidos em evidências,
Dão títulos a personagens pra manter as aparências.

A fama de corruptos que cai sobre a população,
Receberam por ser Ela, a Capital da decisão.
E mesmo suportando esta irreal e injusta herança;
Brasília,
Tu continuas sendo a nossa bela Capital da Esperança.

 

Rubens Lima
Enviado por Rubens Lima em 16/04/2007
Alterado em 08/12/2023


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