HOMEM DE COR
Quando eu nasci,
Nasci preto.
E a parteira exclamou, “É um lindo pretinho senhor!” O tempo foi passando, E cada dia mais preto fui ficando. E a mulher estrangeira falou: “- Black is beautiful!” Quando estou no sol, Por vezes ouço alguém comentar: "A imponente pele do preto é tão preta que a luz faz refratar." Na ausência de calor, A baixa temperatura, Minha pele não sente. No frio fica mais preta, E meu sangue fica mais quente. Frente à temida ameaça, Minha pele fica mais pretra, Pela intrepidez da raça. Se caso fico doente, Minha pele fica mais preta, E o espírito mais resistente. Quando eu morrer, Minha pele continuará preta. Como nascia, vivi e sou. Pois, preta é a minha raça, E preto é ausência de cor. Você que é excludente, Pensando ser o melhor. Também não nasceu diferente, E também vai virar pó. A atração humana, É o grande “X” do problema. Quem tem a pele preta, Sonha em ter uma branca. Quem tem uma branca, Quer ter uma morena. Quando você nasceu, Sua pele era rosada. Mas ainda garotinho, Você ficou branquinho, E por fim ficou corada. Quando ficas no sol, Ou participa de bebedeira. Sua pele fica irritada, Encaroçada e vermelha. A sua pele que é branca, Fica mais branca nas coxas. Com medo ela fica pálida, E com frio fica roxa. Doente fica amarela, Com tremedeira e suador. Ao morrer ficarás cinza, Pálido e incolor E com a maior cara de pau, Você me chama homem de cor. Bsb, 13/07/1980 Rubens Lima
Enviado por Rubens Lima em 02/05/2007
Alterado em 25/02/2019 |